O texto “O 18 Brumário de Luís Bonaparte” foi publicado
por Karl Marx, em 1852 e descreve um golpe de Estado recém-ocorrido
na época, na França, por Carlos Luís Napoleão Bonaparte (Napoleão
III); assim como fez 48 anos antes, seu Tio, o Grande Napoleão
Bonaparte.
Essa “coincidência” ou “repetição” de Napoleões no poder,
inspirou MARX (1851-1852, cap. I, p. 03) a elaborar certas reflexões
quanto à análise científica da realidade, considerando a
afirmativa de Hegel, onde “os fatos e personagens de grande
importância na história do mundo ocorrem duas vezes; todavia,
acrescentando que a primeira vez como tragédia e a segunda como
farsa”.
Aliás, o que Marx fez nesta obra de mais revolucionário foi
perceber:
Os homens fazem sua própria
história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob
circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam
diretamente, legadas e transmitidas pelo passado.
(MARX, 1851-1852)
(MARX, 1851-1852)
Explicando melhor, (CARLOS, 2006) apesar de serem atores da história, as pessoas só são capazes de agir nos limites que a realidade impõe, através das condições; e não, baseadas em desejos ou meros caprichos e atos individuais. E quiçá, seja o maior erro cometido pelo Alcaide, ignorar a realidade concreta.
Desta forma, utilizaremos a mesma metodologia, isto é, a concepção
materialista da história, para correlacionar a “cena política”
e comentar, ainda em tempo, sobre a tentativa frustrada de o atual
Prefeito dominar o PMDB de Uberaba e “lançar” o seu candidato
neste processo eleitoral.
Outrossim, continuando nossa argumentação, o genial autor considera
a “cena política” nas sociedades capitalistas, como um
espaço de luta entre partidos e organizações, uma espécie de
superestrutura. Seria como fosse uma realidade superficial, enganosa
(BOITO Jr., 2002) e deve ser desmistificada e desmascarada no intuito
de acessar-se a realidade profunda encoberta pelas aparências e ilusões. Contudo, a análise
científica social elucidaria os reais interesses, conflitos e
pretensões. E também talvez, seria o segundo maior erro do atual
Chefe do Executivo, acreditar em sua própria fantasia.
Retomando o caso concreto, conforme já mencionado, ignorar a
realidade concreta e suas condições, em favor de uma “cena
política” (na concepção de Marx nas sociedades
capitalistas), onde o Senhor Prefeito criou uma estrutura artificial
em seu partido (na época, o PMDB), atribuindo uma superestrutura
paralela à realidade profunda, desconsiderando seus estatutos,
regimentos, realizando uma Convenção Eleitoral fictícia, de
aparências, confundindo os eleitores com o seu candidato/secretário;
e principalmente, atropelando suas principais lideranças locais,
especialmente, o Deputado Paulo Piau e o Vereador Tony Carlos, foram
equívocos irreversíveis.
Esse exercício de desmascaramento não é uma imputação
coercitiva, é resultado da conclusão decorrente da análise do
discurso e da prática política no cotidiano. A realidade
superficial está subordinada à realidade profunda, que
independe das vontades. Ademais, nesta dialética entre realidade
superficial e realidade profunda, um dos principais personagens
nestas eleições, fracassou porque o fundo do problema não seria
apenas convencer seus aliados e a maioria dos partidos da base de
sustentação de seu Governo quanto à sua cena política; e
sim, a impossibilidade de conciliar seus interesses individuais e
intenções com esses principais partidos (destacando
particularmente: o PR e o PCdoB).
Enfim, igualmente como Marx observou, servindo de uma metáfora
teatral; assim como Napoleão III, Anderson Adauto agora usa a
candidatura do PT, tenta construir sua imagem de grande super-herói;
contudo, devendo temer o desenrolar desta encenação teatral como um
ato e entreato trágico, dramático ou até mesmo cômico.
REFERÊNCIAS:
BOITO JR, Armando. Cena política e interesse de classe na sociedade capitalista – comentário em comemoração ao sesquicentenário da publicação de O Dezoito Brumário de Luis Bonaparte. Revista Crítica Marxista Brasil. Volume 15. UNICAMP. Campinas/SP. 2002.
CARLOS, Cássio Starling. O 18 Brumário de Luís Bonaparte: A discreta farsa da burguesia. São Paulo, 2006.
MARX, Karl. O 18 Brumário de Luís Bonaparte. Tradução revista por Leandro Konder. Traduzido do original inglês The eighteenth Brumaire of Louis Bonaparte. 1851-1852.
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