No ano de 1993, quando iniciei
minha vida política, eu era Presidente do Grêmio Estudantil do Colégio N. S.
das Graças e conheci o Deputado Estadual Adelmo Carneiro (já era Deputado pelo
PT). Nesta época, convidei-o a proferir uma palestra aos alunos da minha sala,
do 2º Colegial, sobre Democracia. Eu estava ingressando no PCdoB!
Dois anos depois, em 1995, já
universitário, estudante de Direito, eu fui eleito Diretor da União Estadual
dos Estudantes (UEE/MG), tive contato com um deputado polêmico na cidade. Este
deputado oferecia um serviço de “kombis” para transportar as pessoas carentes
aos hospitais e tinha sido secretário do Prefeito Wagner Nascimento. Sim, era o
Sr. Anderson Adauto, que posteriormente, tornou-se Presidente da ALEMG e abriu
aquela "Casa de Leis" para os movimentos sociais do Estado de MG, na
luta contra o neoliberalismo e o Governo FHC. Virei grande admirador deste
deputado e grande parceiro em suas lutas e batalhas, juntamente com meu Partido
Estadual, o PCdoB/MG, representado, na ocasião, pelas ilustres figuras do Deputado
Sérgio Miranda e Deputada Jô Moraes.
Em 2000, eu era Diretor de
Cultura da UEE/MG e fiz parte do time de apoiadores de Anderson Adauto para
Prefeito. Infelizmente, perdemos a eleição, mas o futuro nos reservava dias
melhores. Nestas eleições conheci, um senhor, sério, de poucas palavras, era
advogado e Secretário Geral do PT, Fábio Macciotti. Eu me formei no final de
2000 e no ano seguinte, comecei advogar no seu escritório, onde construí minha
carreira e permaneci até 2006.
Recentemente, ironicamente estes
mesmos personagens (estas 03 figuras: "meus companheiros") se uniram
e novamente "marcaram" mais uma passagem em minha vida. Na última
terça-feira, dia 17, este mesmo advogado, Fábio Macciotti (mencionei acima:
trabalhei com ele, no início da minha carreira), agora Presidente da Fundação
Cultural, onde fui nomeado Diretor, desde outubro de 2005, chamou-me em seu
gabinete e me disse que o seu partido (PT) (este mesmo, que sou aliado há
muitos anos) e a “Coordenação da campanha” do Adelmo (aquele que eu contei no
início da história, que fez palestra sobre Democracia e parece que agora tem
que voltar para o banco da Escola para reaprender o sentido desta palavra)
queriam minha demissão, pois não se admitiria quem estivesse apoiando o Piau,
continuar no Governo. Eu o questionei se o Anderson Adauto (aquele deputado
polêmico, que tornei parceiro, hoje Prefeito) concordava com esta orientação,
por que não havia me ligado ou conversado comigo pessoalmente e quando seria. O
Dr. Fábio, que sempre economizou suas palavras, respondeu apenas, que o Sr.
Prefeito concordava e que era uma demissão imediata.
Portanto, amigos e amigas, a
partir desta semana, estarei “fora” da Fundação Cultural. O Prefeito atendendo
a “ditadura petista”, o “jeito petista de governar”, assinou minha exoneração
no dia 20 de julho, sem sequer falar comigo.
Ora, é sabido que o cargo é de
confiança e de livre nomeação do Prefeito, mas será que ameacei sua confiança?
Será que poderei comprometer o final do seu Governo, nos próximos 03 meses,
apoiando um candidato (aliás, do seu mesmo Partido e da base do Governo Dilma)
que ele arrumou uma briguinha pessoal? Será que as nossas relações foram tão
"plásticas", "descartáveis" ou como diria na antropologia,
“utilitarista”? Eu ainda penso que "NÃO".
Deixo a Fundação melhor do que
encontrei em 2005. Popularizamos a Política Cultural, oportunizando novos
agentes culturais no cenário da cidade, atendendo as mais variadas correntes
culturais, ampliando as ações e a participação popular. Criamos mais canais de
interlocução e parcerias com o Ministério da Cultura, Secretaria de Cultura do
Estado de MG e outros órgãos públicos e privados; e ainda, uma relação mais
cotidiana com estes parceiros. Organizamos uma política de recursos humanos,
finanças e procedimentos, com critérios jurídicos e moralização da máquina
pública, com transparência. Criamos a Comissão Permanente de Licitações da
Fundação Cultural, dinamizando os trâmites dos procedimentos licitatórios.
Colaboramos para a Institucionalização das Políticas Públicas Culturais do
Município, para a implementação do Sistema Municipal de Cultura, Fundo
Municipal de Cultura e Lei de Incentivo.
Enfim, deixo como legado o Ponto
de Cultura (Mutirão de Cultura), a Rede de Pontos de Cultura (tão importante
para o desenvolvimento econômico, profissional dos nossos agentes culturais da
cidade) e o Pontão de Cultura do Triângulo, onde somando todos estes programas,
chegamos a mais de 2 milhões de reais captados no Ministério da Cultura, que
colaboramos diretamente.
Fiz inúmeros amigos, companheiros
de verdade, nas horas mais difíceis. Sem eles não realizaria nada do que foi
dito, especialmente, meus colegas: Antônio Carlos, Cida, Charlles, Dilu,
Lisete, Maria Angélica, Murilo, Silvestre e Sueli. Não poderia deixar de
agradecer toda equipe, desde do servidor mais simples ao mais graduado.
Agradeço também todos Presidentes que servi e ofertaram sua confiança: Além
Mar, Gonzaga e Rodrigo.
Saio da Fundação melhor do que
entrei. Mais maturo, compreendendo melhor as relações sociais, o processo de
formação cultural nestas relações, a questão do pertencimento, das tradições,
da construção de signos e símbolos e principalmente, compreendendo a
necessidade de elevar cada vez mais, o debate sobre Cultura, como questão
central no desenvolvimento humano.
Desta
forma, saio da Fundação, continuando sempre minha luta em defesa da Democracia
e sempre em defesa da Cultura, numa perspectiva, “que dias melhores virão” e
que os ditadores sucumbirão, através da vontade soberana do povo.
Uberaba, 23 de julho de 2012.
Saudações Culturais e
Socialistas,
Wellington Félix Cornélio
(Zuzu)
Advogado e Cientista Social
Secretário de Organização -
PCdoB/Uberaba.